segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SANTA CATARINA:Secretário adjuntos do Estado exercem papel protagonista na segurança pública de SC


Secretário adjuntos do Estado exercem papel protagonista na segurança pública de SC Arte sobre foto/Agência RBS


Eles são secretários adjuntos, estão abaixo do alto escalão e da pompa de secretários titulares. Na prática, principalmente em crises, há momentos em que mais parecem ocupantes da cadeira número 1, tamanha a responsabilidade, o perfil de decisão e de habilidade a que têm sido alçados.
Leandro Lima, secretário adjunto de Estado da Justiça e Cidadania (SJC), e Aldo Pinheiro D’Ávila, secretário adjunto da Segurança Pública de SC (SSP), atuam como uma espécie de porta-vozes dos titulares Ada De Luca e Cesar Grubba, respectivamente. Além de entrevistas e convites para eventos a que são designados no lugar dos secretários, vão além e lidam diretamente com diretores ou poderes.
Internamente, tanto Lima quanto Aldo são avaliados como capazes de ocupar as pastas, especialmente pela experiência e pela habilidade técnica que têm.
O governo do Estado não encara essa situação como menos força dos titulares ou fuga de responsabilidades. Argumenta que significa um exemplo de sintonia pela aptidão para se comunicar e facilitar a vida dos titulares, para que estes exerçam a gestão das áreas. Cita ainda que há outros secretários adjuntos muito atuantes, como na Defesa Civil e na Saúde.
Referência em questões sobre sistema prisional
Agente penitenciário com 27 anos de profissão e pedagogo, Leandro Lima, 47, circula como um xerife à frente da Justiça e Cidadania e do sistema prisional. Todas as decisões passam por ele, principalmente sobre o Departamento de Administração Prisional (Deap), do qual foi diretor por três anos e cinco meses.

Nas ondas de atentados, quando ainda liderava o Deap, chegou a receber escolta 24 horas por dia, em razão das ameaças de morte vindas do crime organizado responsável pelos ataques.
Lima cuida de planejamento, questões financeiras e operacionais, e representa a SJC em compromissos externos. Isso já aconteceu em Brasília, na CPI do Sistema Carcerário, e em visitas a outros Estados quando convidado a palestrar pelo Ministério da Justiça e Departamento Penitenciário Nacional sobre o sistema carcerário catarinense. Atende a imprensa em assuntos relacionados à SJC ou ao Deap, numa postura bem diferente à da titular.
Deputada estadual pelo PMDB, Ada é avessa a explanações que tratem a fundo a questão prisional, por exemplo. Eleita nas três últimas eleições para a Assembleia, está na SJC desde 2011 e tem forte ligação política com o vice-governador e conterrâneo do Sul de SC, Eduardo Pinho Moreira (PMDB).
Em seu perfil no Facebook, Lima exalta a estreita relação que mantém com Ada. Faz elogios, agradecimentos. Indagado, nega as pretensões ao cargo de titular ou mesmo a carreira política.
“Vivenciamos um verdadeiro casamento, no sentido figurado, em comunhão de bens materiais, humanos, éticos e morais”, já disse Lima sobre Ada na rede social. “O comprometimento por uma gestão técnica pronunciado pela secretária Ada e plenamente implantado no sistema prisional catarinense denotam uma relação de respeito e reconhecimento mútuo”, ressaltou.
“Admiro cada vez mais as mulheres corajosas que estão colaborando pela construção de um sistema prisional profissionalizado e respeitado, declarou Lima para Ada no Facebook.
Experiência e habilidade institucional
Se Leandro Lima demonstra poder em decisões financeiras e de planejamento na Justiça e Cidadania, na Segurança, o adjunto Aldo Pinheiro D’Ávila tem a tarefa oficial de cuidar de iniciativas como o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita).
Ex-delegado-geral da Polícia Civil nos quatro primeiros anos do governo Colombo, Aldo, filho de delegado de polícia, 50 anos, se reúne e despacha diariamente com o secretário titular, Cesar Grubba, com quem tem bom relacionamento e amizade.
O know how obtido por Aldo ao comandar a polícia nas investigações dos atentados e sobre o crime organizado, além da aproximação com os diretores da área da Segurança, o fazem ser acionado por Grubba a cada situação delicada.
Foi assim na recente onda de violência em Joinville, quando Grubba delegou a ele a participação em praticamente todas as entrevistas. Ainda quando era o número 1 da Civil, sempre esteve ajustado com Grubba em situações desgastantes, como remanejamento de policiais de cargos de confiança ou mesmo de estruturas de delegacias.
– O Grubba ainda tem a caneta, é o secretário que manda, cuida da gestão. O Aldo, pela habilidade em se comunicar, passou a ser indicado para falar pela secretaria e também por ser um bom técnico da área – diz um experiente colega delegado.
Presença de Grubba é destacada pelo ex-delegado-geral
Promotor de Justiça, Grubba já confidenciou a amigos próximos o desejo de ser desembargador, mas esbarra na falta de vagas no Tribunal de Justiça. Avesso a entrevistas, Grubba faz gestão essencialmente técnica na SSP e foi o responsável pela despolitização da pasta, situação antiga e apontada internamente como problema.
A avaliação é que soube arrumar a casa administrativamente. O peso negativo, entre policiais, é o de não ter um perfil mais operacional.
Entre os principais projetos de Grubba em andamento está o novo complexo da segurança, obra de R$ 80 milhões que deverá ser entregue até julho. A construção, na parte Continental em Florianópolis, terá três torres e promete reduzir despesas com aluguéis.
— A SSP tem mais de 18 mil servidores e quase mil unidades do Instituto Geral de Perícias, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil. A presença do adjunto em algumas atividades é inerente ao cargo e apenas uma fração das atividades desenvolvidas pela SSP. É bom que se registre que todas as diretrizes, planejamento e execução das atividades são acompanhadas diretamente pelo doutor Grubba, o qual é extremamente presente e exigente. O adjunto apenas substitui o titular em seus impedimentos e impossibilidades, e assim tem sido feito — diz Aldo quando questionado sobre o protagonismo a que tem sido alçado.
O DC procurou os titulares para comentarem a própria atuação e a dos adjutos. Através da assessoria, Grubba disse que não se manifestaria.
Já Ada, por meio de nota, não respondeu pontualmente sobre o protagonismo do adjunto, mas afirmou ter certeza que escolheu o melhor perfil para o cargo. Ressaltou que Lima tem se revelado parceiro, profissional dedicado e trabalhador, técnico e excelente articulador, num sistema penitenciário que é modelo. “Não poderíamos ter escolhido um nome melhor. Estamos no caminho certo!”, diz na nota.
Por sua vez, o governo do Estado garante que tanto Ada de Lucca quanto Cesar Grubba estarão mantidos em 2016 nas secretarias que comandam. 

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