Ministro da chefia de gabinete da Presidência, Jaques Wagner, e presidente Dilma Rousseff
Após o desembarque do PMDB, o governo pretende repactuar até a próxima sexta-feira a relação com os partidos que restam na base aliada, redistribuindo os cargos que eram de peemedebistas, segundo o ministro da chefia de gabinete da Presidência, Jaques Wagner. A estratégia agora contra o impeachment é obter apoios avulsos do PMDB.
"O governo recebe com tranquilidade a decisão interna do PMDB e creio que chega em boa hora, porque oferece à presidente Dilma Rousseff uma ótima oportunidade de repactuar seu governo. Abre espaço político para uma repactuação", disse Wagner a jornalistas nesta terça-feira. O ministro classificou a relação com o vice-presidente, Michel Temer, como "politicamente interditada".
Indiretamente, o ministro questionou a legitimidade que Temer terá se chegar a assumir o governo, em caso de impeachment da presidente. "Se alguém com 54 milhões de votos enfrenta dificuldades, alguém que venha sem essa legitimidade terá dificuldade ainda maior", afirmou.
Os novos acertos, afirmou o ministro, devem ser feitos até a próxima sexta-feira, tendo tratado em uma reunião na noite desta terça entre Dilma e os chamados "ministros da Casa" – além do próprio Wagner, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação da Presidência, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta terça-feira, o PMDB decidiu romper com o governo federal, em uma decisão tomada por aclamação no encontro do Diretório Nacional do Partido, que durou menos de cinco minutos. O partido também decidiu que os seis demais ministros do partido deverão deixar os cargos. Na segunda-feira Henrique Eduardo Alves deixou o comando do Ministério do Turismo.
Nova estratégia contra impeachment
Com a perda de apoio do PMDB na base, a estratégia agora será tentar obter apoios individuais contra o processo de impeachment, disseram duas fontes palacianas. A ideia, a partir de agora, é ir para o varejo, negociando com partes do partido que ainda mantém apoio ao governo.
Fonte ouvida pelo jornal O Globo afirmou que o governo ensaia discurso de que a saída do PMBD até facilitaria a briga contra o impeachment. A justificativa seria de que a legenda "bloqueava" sete ministérios e só garantia entre 25 e 30 votos na Câmara. Com a liberação dessas pastas pelos peemedebistas, outros partidos aliados poderão ocupá-las e responder, em troca, com no mínimo o dobro dos votos do PMDB. De acordo com um assessor da presidente, citado pela publicação, o incremento poderia chegar a 80 votos
"O PMDB sempre esteve dividido e vai continuar dividido", disse uma das fontes à agência Reuters. O governo vê ainda espaço para negociar com os ministros da Saúde, Marcelo Castro (PI), da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (RJ), com o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, além do senador Jáder Barbalho (PA).
Planalto aguarda para os próximos dias os pedidos de demissão de Mauro Lopes, da Secretaria de Aviação Civil, Hélder Barbalho, da Secretaria de Portos, e de Eduardo Braga, das Minas e Energia.
A expectativa é que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu – amiga pessoal da presidente – fique no cargo e troque de partido. Marcelo Castro, da Saúde, e Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia, não devem sair agora e vão avaliar a situação nas próximas semanas mas, até agora, planejam se manter nos cargos.
Viagem cancelada
A presidente Dilma Rousseff cancelou a viagem que faria nesta semana a Washington, nos Estados Unidos, onde participaria da Cúpula de Segurança Nuclear. O encontro ocorre na quinta e sexta-feira, e o embarque estava previsto para a manhã desta quarta. A equipe de suporte que sempre viaja antes da presidenta não embarcou ontem, e hoje recebeu o aviso de que não haveria mais a agenda.
Caso Dilma participasse do compromisso, para o qual são esperados outros chefes de Estado, o vice-presidente Michel Temer assumiria a Presidência, como é praxe nas viagens internacionais do presidente da República.
#RenunciaTemer nos trending topics do Twitter
A exigência da renúncia do vice-presidente Michel Temer se tornou o principal tópico da rede social Twitter no Brasil, após o PMDB abandonar coligação do governo. Além de ser o primeiro na linha sucessória de Dilma Rousseff, Michel Temer também é o presidente nacional do PMDB. Temer permanecerá no governo, por ter sido eleito para o cargo, e não nomeado.
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