quinta-feira, 24 de março de 2016

Abrindo a caixa de maldades




Há uma radicalização dos movimentos nas últimos dias, típica dos atos finais. Sem surpresas. A história ensina que atos finais de ruptura do status quo são mesmo marcados por páginas policiais e medidas desesperadas.

Preparemo-nos para muita volatilidade nos próximos dias. Manteremo-nos fiéis aos bons racionais de investimentos, com cintos afivelados. Estômago de avestruz.

Sempre acreditei que essa história de ajuste fiscal sob o comando de Nelson Barbosa era conversa para boi dormir. O Brasil mostra a sua cara. O ministro da Fazenda anunciou ontem a possibilidade de abatimento de até R$ 120,6 bilhões da meta fiscal do ano - a meta em si também foi reduzida marginalmente, supostamente para que o governo possa voltar a investir. Com o abatimento, déficit primário pode atingir mais de 1,5% do PIB - pelo andar da carruagem, é daí pra pior.

Enquanto assistimos a cenas de desenvolvimentismo transloucado, vemos seus efeitos práticos: taxa de desemprego nacional subiu a 9,5% em janeiro, segundo das da PNAD do IBGE. Na Folha, reportagem trata do aumento da desigualdade junto à queda da renda, algo que tenho salientado desde a época do Fim do Brasil.

O mesmo desaquecimento do mercado de trabalho não pode ser visto em Brasília. Ao contrário, a temperatura da cena política é capaz de quebrar o termômetro. Temor é de que lista da Odebrecht, com pagamentos para mais de 300 políticos, e delação de seu principal executivo possam, eventualmente, conturbar o pós-Dilma, com possíveis denúncias a políticos da oposição e a Michel Temer, ou, até mesmo, dificultar o quadro do impeachment.

Lá fora, mercados também não ajudam. Dirigentes do Federal Reserve têm adotado discurso mais agressivo na direção da alta do juro. Dólar reage imediatamente, com quinta valorização consecutiva no exterior.

Moeda também sobe contra o real, +1%, reagindo a seu comportamento no exterior, à frustração com a nova meta fiscal e ao quadro político mais conturbado.

Ibovespa Futuro cai 1,5%, sob pressão vendedora pesada, a exemplo do já observado ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário