quinta-feira, 12 de novembro de 2015

CUIABÁ- Cuiabá sente efeitos crescentes das mudanças no clima do planeta



A antiga “Cidade Verde” vem se tornando paulatinamente em uma cidade em que o concreto substitui as árvores e expande os bolsões de calor



Famosa por ser uma das cidades mais quentes do Brasil, Cuiabá faz jus à fama. Nem tanto pela condição natural de sua localização geográfica e de se relevo topográfico, mas cada vez mais pela ação antrópica do ser humano na natureza. A capital de Mato Grosso está cada dia mais quente porque o homem está interferindo negativamente em seu ambiente.

Até o final dos anos de 1990, Cuiabá era conhecida pelo apelido de “Cidade Verde”, graças aos seus quintais cobertos por pomares e suas ruas arborizadas. Este cenário, no entanto, vem sofrendo uma rápida e profunda transformação nos últimos 15 anos. A explosão demográfica e a verticalização da cidade tem trocado as árvores pelo concreto, a cerâmica, o asfalto. “Em Cuiabá, esse processo vem se acelerando por conta dos condomínios, edifícios e empresas que estão ocupando o lugar dos antigos quintais, cheios de plantas e árvores”, saliente o professor da rede pública e biólogo Setembrino da Silva.

Como resultado imediato dessa cultura arquitetônica que desafia a natureza, as “bolhas de calor” se multiplicam e se expandem constantemente na zona urbana. 

Outra conseqüência desse processo de deteriorização do meio ambiente urbano pelo desflorestamento da zona urbana e do seu entorno, já experimentado pelos cuiabanos é a queda na qualidade de vida da população em geral, o aumento dos gastos financeiros com energia elétrica, equipamentos de ar condicionado, ventiladores, climatizadores de ambiente e tratamentos médicos.

O quadro que presenciamos atualmente é grave, mas ainda é reversível, acredita a bióloga Reicla Larissa, do Projeto Espaço Vitória, iniciativa patrocinado pela Petrobras que promove ações permanentes de educação ambiental em Cuiabá. A bióloga destaca que, através de ações simples, cada pessoa pode contribuir de forma prática e imediata para reduzir os efeitos negativos das mudanças climáticas.

A educação ambiental, tanto de crianças, jovens e adultos é fundamental para reduzir e estancar o processo de aquecimento global. “Quando alguém planta uma árvore frutífera em seu quintal, em seu jardim, quando deixa de queimar o lixo e folhas, quando não desperdiça água, reduz o consumo de produtos altamente industrializados, deixa o carro na garagem alguns dias da semana, essa pessoa está ajudando, e muito, a reduzir a pressão sobre o meio ambiente e, consequentemente, contribuindo para a desaceleração do aquecimento global”, pondera Reicla Larissa. 

Em Cuiabá, no momento, não há nenhuma campanha específica voltada para ampliação dos espaços verdes e recuperação da arborização de ruas e quintais. A Prefeitura Municipal, no entanto, segundo o secretário de serviços urbanos, José Roberto Stopa, tem como meta plantar 20 mil mudas de novas árvores na cidade.

O gestor público lembra ainda que o Horto Municipal, no bairro Coxipó, disponibiliza mudas de árvores de forma gratuita para quem deseja plantar ou replantar seus quintais e calçadas

Previsões Catastróficas
Daqui a apenas 25 anos, no tempo de vida da maior parte dos leitores deste texto, o Brasil poderá ter seu cotidiano e sua economia transformados – para pior – pela mudança do clima. Secas violentas impedirão o parque hidrelétrico de gerar energia para atender à população e tornarão fúteis investimentos bilionários em barragens na Amazônia.

Culturas como a soja poderão ter redução de até 39% em sua área. A elevação do nível do mar deixará exposto a alto risco de destruição um patrimônio imobiliário de até R$ 124 bilhões apenas na cidade do Rio de Janeiro. Mais idosos morrerão por ondas de calor, especialmente no Norte e no Nordeste.

As más notícias vêm do maior estudo já realizado sobre impactos da mudança climática no Brasil. Trata-se do “Brasil 2040 – Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”, encomendado pela Secretaria de Estudos Estratégicos da Presidência da República a diversos grupos de pesquisa do país e divulgado no mês passado, sem alarde, na página do extinto ministério na internet. 

O trabalho busca entender como o clima poderá variar no Brasil nos próximos 25, 55 e 85 anos, de forma a embasar políticas públicas de adaptação em cinco grandes áreas: saúde, recursos hídricos, energia, agricultura e infraestrutura (costeira e de transportes).

O resultado do estudo aponta para uma verdadeira catástrofe. Em todos os cenários projetados, o Brasil de 2040 será um país mais quente e mais seco. As temperaturas médias nos meses mais quentes do ano podem subir até 3ºC em relação às médias atuais no Centro-Oeste. A região Sul tende a ficar mais chuvosa, enquanto o Sudeste, o Centro-Oeste e partes do Norte e Nordeste teriam reduções as chuvas, em especial nos meses de verão.

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