quinta-feira, 30 de junho de 2016

Insatisfeito com base aliada, Michel Temer pede empenho na defesa de seu governo

              Michel Temer demonstrou insatisfação com a presidência da Câmara e com falta de apoio

Preocupado com frequentes ataques da oposição no plenário do Congresso, o presidente em exercício Michel Temer cobrou do líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-BA), mais dedicação da base aliada na defesa do governo interino.
A queixa não é à toa: em menos de dois meses no Palácio do Planalto, Michel Temer já perdeu três ministros e tem outros 11 membros do primeiro escalão na mira da Justiça. O impasse mais recente, por exemplo, é a escolha de um nome para o Ministério do Turismo, que está vago desde que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves pediu demissão, no último dia 16.
Turismo
Desde a saída de Alves, Temer vem enfrentando disputa entre peemedebistas da Câmara e do Senado para indicação do nome para o cargo. Ele ainda não oficializou a decisão, mas deu sinais de que vai atender ao pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que quer o deputado Marx Beltrão (PMDB-AL) como novo ministro do Turismo.
A estratégia já está sendo lida como mais uma tentativa do governo interino de agradar o Senado Federal, que decidirá o futuro da presidente afastada Dilma Rouseff em meados de agosto.  Ao mesmo tempo, a medida também não desagrada a Câmara dos Deputados, já que elegerá um membro da Casa para o cargo no primeiro escalão de Temer.
Câmara x Senado
Outra questão que tem se mostrado um obstáculo na aprovação de matérias no Congresso é a sanção da Lei das Estatais, que propõe um regulamento mais rígido para a indicação de políticos em diretorias de empresas públicas. Senadores aprovaram um texto que dificulta a nomeação de políticos para as companhias, mas os deputados, de olho nas indicações, vetaram alguns pontos do projeto, o que desagrada os Senado.
A proposta aguarda aprovação dos senadores enquanto deputados, por sua vez, exigem que o Planalto faça uma intervenção e vete os pontos mais rígidos do texto, especialmente o que impõe obstáculos nas indicações de políticos para cargos executivos.
A disputa entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal atrasa, também, a votação do projeto que limita indicações políticas para os fundos de pensão. O problema é o mesmo: senadores querem manter a rigidez da proposta enquanto deputados pretendem afrouxá-la. A lista de pendências também inclui reforma da Previdência, assunto sobre o qual ainda não há consenso entre as centrais sindicais.
Líderes
O Planalto nega que vem agindo para evitar a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mas, no último domingo (26), o presidente interino encontrou-se com o parlamentar em compromisso fora da agenda oficial.
Líderes partidários – da oposição e da base aliada – acreditam que há um acordo entre caciques do PMDB para aprovar o recurso do parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e atrasar a votação em plenário, em troca da renúncia dele à presidência da Casa.
Segundo relatos, na conversa com Cunha no domingo, Michel Temer demonstrou insatisfação em relação à atuação do presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). O peemedebista queixou-se ainda que a instabilidade política na Casa está atrapalhando as votações de propostas que interessam ao governo.

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